"O MAL SÓ TRIUNFA QUANDO OS HOMENS DE BEM NADA FAZEM". Edmund Burke.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Meu parceiro sexual é HIV positivo: e agora?

Não há uma semana que eu não atenda um paciente na Clínica CZ , me procurando para esclarecer dúvidas sobre o relacionamento sexual com um parceiro HIV positivo. Essa postagem tem como objetivo, expressar a minha opinião sobre essa questão e disponibilizar informações baseadas em dados concretos.

O que eu percebo, é que essa preocupação é externada a partir do momento que o relacionamento envolve sentimento. O paciente me procura pois tem interesse em manter este relacionamento, o que significa novos atos sexuais e por mais que existam informações sobre como se prevenir contra a contaminação pelo vírus HIV, disponibilizadas em vários canais de informação, sinto que a continuidade gera uma aflição com o risco real de estar mais exposto a uma possível contaminação.

Sabemos que hoje em dia, um homem que sabe ser portador do vírus HIV e vem fazendo corretamente o tratamento e o acompanhamento dessa contaminação, caso esteja com a carga viral no sangue zerada decorrente do tratamento das drogas que fazem parte do coquetel, não transmite a doença pelo sexo. Mas como há uma chance mínima desse paciente em algum momento ter a sua carga viral positivada novamente, sempre é bom manter a proteção com o uso correto do preservativo.

Infelizmente há muitos homens HIV positivos e que sequer desconfiam disso. Ou não sabem porque têm receio de procurar um médico para realizar exames de diagnóstico, ou foram contaminados logo após terem realizados exames que aparentemente mostravam que ele não estava contaminado. E esse homem HIV positivo hoje em dia é uma preocupação, pois está portando o vírus e se não toma cuidados para se proteger, pode contaminar um outro homem. Por isso tanta campanha para que as pessoas realizem exames. Sendo positivas para a contaminação pelo vírus HIV, logo iniciarão o tratamento e não mais o transmitirão, assim que a carga viral zerar no sangue.

Então vou relatar aqui o que aqueles que desejam manter um contato íntimo e repetitivo com um homem HIV positivo, escutam de mim quando me procuram em consulta médica:

1) O sentimento aflorou e há interesse em dar continuidade a este relacionamento: siga o seu coração e vá em frente. Mas faça uso correto dos preservativos. Havendo algum acidente ou descuido nessa proteção, procure um médico, exponha a situação e tome uma atitude. Se você como parceiro dele, estiver ciente da situação de saúde dele, ou seja, tiver conhecimento de que a carga viral está zerada, os acidentes não o amedrontarão, certo? 

2) Me perguntam se é verdade que pacientes HIV positivos em tratamento correto, já podem ter relações sem preservativos. Eu respondo que a ciência já tem comprovado isso, mas tem que haver certeza de que a carga viral está zerada. E só quem pode ter a certeza disso, é o paciente que está infectado. Ou seja, a confiança tem que ser total para que você tome a atitude de abandonar a proteção. A decisão é do paciente e não sua, pois é ele que tem esse real conhecimento.

3) E sempre é bom recordar as formas corretas de se utilizar um preservativo, assunto já abordado outras vezes nesse blog, em postagens anteriores. Lembre-se que o sexo com penetração, tanto como ativo e passivo, assim como o receber e praticar o sexo oral, quando realizado sem preservativos, aumenta, e muito, a transmissão de doenças como HIV, Sífilis, Clamídia, só para citar as mais frequentes.

 

4 comentários:

  1. Você diz que é consenso na medicina que um paciente HIV positivo com carga viral zerada não transmite o vírus para seu parceiro durante uma relação sexual. Percebo que esse mesmo consenso não se aplica quando está em questão a prática do sexo oral. Já encontrei em diversos sites (GAPA, por exemplo) ou opinião de profissionais que trabalham com questões sexuais (Jairo Bauer, por exemplo) que o fato de receber sexo oral sem preservativo apresenta risco nulo de transmissão de hiv uma vez que para gerar contaminação seriam necessários litros de saliva e mesmo para quem pratica os riscos são reduzidos, embora existam. Nesses sites são citadas pesquisas que não conseguiram atribuir contaminação exclusivamente por sexo oral, uma vez que outras práticas sexuais como a penetração sem preservativo, estavam envolvidas. Entretanto, vc. mantém a posição de que o sexo oral sem preservativo (seja ele ativo ou receptivo) é fonte de contaminação por hiv. Assim, fica difícil.

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  2. Como o senhor mesmo cita na sua colocação, não existe um trabalho que avalie apenas "contaminação exclusivamente por sexo oral, uma vez que outras práticas sexuais como a penetração sem preservativo, estavam envolvidas". Sabe-se que a exposição ao esperma na cavidade oral, isso sim é uma possibilidade de contágio. Quanto à exposição somente à saliva, repito sua citação: "receber sexo oral sem preservativo apresenta risco nulo de transmissão de hiv uma vez que para gerar contaminação seriam necessários litros de saliva e mesmo para quem pratica os riscos são reduzidos, embora existam".
    Grato pelo seu comentário.

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  3. Entendi a colocação do Marcio e a retificação do Cid, mas e se, e se, o cara que estivesse fazendo o oral, tivesse um sangramento na boca ou na gengiva? Por menor que fosse o sangramento, a ponto de talvez até ser imperceptível a olho nu, será que continuaria sendo sem chances de transmissão de HIV para o receptor?

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  4. Bom dia. Obrigado pelo seu comentário.
    Volto a repetir as palavras do Márcio: "receber sexo oral sem preservativo apresenta risco nulo de transmissão de hiv uma vez que para gerar contaminação seriam necessários litros de saliva e mesmo para quem pratica os riscos são reduzidos, embora existam". Essa sua dúvida, do meu ponto de vista, pode ser um risco.

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